Sexto suspeito de envolvimento em caso de estupro de menina e morte de família boliviana na fronteira do AC é preso

A Polícia Civil prendeu mais um dos suspeitos no crime bárbaro envolvendo uma família boliviana que morava próximo das cidades acreanas de Acrelândia e Plácido de Castro, na região de fronteira com a Bolívia, em setembro de 2020. Uma mulher boliviana e os dois filhos foram mortos a tiros depois que a filha de 14 anos foi estuprada por um acreano.

A prisão ocorreu no dia 30 de dezembro de 2020 na cidade de Acrelândia, interior do Acre. Mas, só foi confirmada pela Polícia Civil no início de fevereiro. A polícia informou que Gilvan Nascimento da Silva teve participação nas mortes da família. O principal suspeito de abusar da adolescente segue foragido.

“Foi uma ação conjunta. Nós soubemos que ele viria para a cidade, mas não sabíamos se era para Acrelândia ou Plácido de Castro. A Polícia Militar montou barreira em Plácido e a Civil em Acrelândia. Ele caiu em Acrelândia. Abordamos ele e o prendemos”, confirmou o delegado Dione dos Anjos Lucas.

O suspeito foi encaminhado para um presídio em Rio Branco. O delegado destacou que as buscas agora seguem para prender o último suspeito. “É uma questão de honra prender esse cara”, concluiu.

Indiciamento

 

Polícia Civil conclui inquérito sobre chacina de família boliviana na fronteira do AC — Foto: Arquivo/PC-AC

Polícia Civil conclui inquérito sobre chacina de família boliviana na fronteira do AC — Foto: Arquivo/PC-AC

O inquérito policial sobre o caso foi concluído no último dia 7 de outubro do ano passado. Sete pessoas foram indiciadas pelos crimes de triplo homicídio qualificado, corrupção de menor, ocultação de cadáver, estupro, homicídio tentado, posse ilegal de arma de fogo e por integrarem organização criminosa.

Desse total de indiciados, cinco estão presos no Complexo Penitenciário de Rio Branco e outros dois seguem foragidosUm adolescente também foi apontado como participante do crime e está apreendido em um centro socioeducativo de Rio Branco.

Entre os suspeitos indiciados estão Gean Carlos Alves da Silva, José Francisco Mendes de Sousa, Geane Nascimento da Silva, Gean Carlos Nascimento da Silva, Gilvani Nascimento da Silva, Gilvan Nascimento da Silva e Luciano Silva de Oliveira. Todos da mesma família.

Relembre o caso

 

O crime ocorreu no último dia 13 de setembro, na área de fronteira entre o Acre e a Bolívia, depois que o pai de uma adolescente de 14 anos flagrou um acreano estuprando a filha e decidiu amarrá-lo para chamar a polícia.

Parentes do suspeito de estupro, então, apareceram e atacaram a família boliviana em sua propriedade. Após atirar contra a família (mãe e dois filhos morreram), os suspeitos ainda queimaram a casa. A adolescente que foi estuprada também foi baleada, mas sobreviveu após ser socorrida.

Corpos foram achados na propriedade da família boliviana na área de fronteira — Foto: Arquivo/PM-AC

Corpos foram achados na propriedade da família boliviana na área de fronteira — Foto: Arquivo/PM-AC

Suspeitos devem responder no Brasil

 

A polícia informou que desde que tomou conhecimento do assassinato da família boliviana deu inicio às investigações e que já foram identificadas todas as pessoas suspeitas de envolvimento no crime.

Ainda no dia 4 de dezembro do ano passado, policiais civis da cidade de Acrelândia fizeram uma ação em um endereço onde supostamente os dois foragidos estavam, mas eles conseguiram fugir ao entrar na mata. A polícia informou ainda que continua as investigações no sentido de prender essas pessoas que seriam as “cabeças” do crime.

Ainda segundo a polícia, os suspeitos devem responder aos crimes no Acre. “Quando o fato ocorre no exterior, mas os autores fogem para o lado brasileiro, desde que atente a alguns quesitos legais, eles podem responder pelo crime em território brasileiro”, disse o delegado Samuel Mendes, responsável pelo caso na época.

Adolescente e pai em abrigo

 

A adolescente boliviana que viu a mãe e os dois irmãos serem mortos e também levou tiros chegou a ser encaminhada para um abrigo no Acre com o pai. Eles eram acompanhados por uma equipe do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Infância, Educação e Execução de Medidas Socioeducativas (Caop) do Ministério Público do Acre.

A assessoria de comunicação do MP-AC informou que a adolescente e o pai voltaram para a Bolívia em dezembro de 2020.

A menina levou quatro tiros no ataque e ficou internada em Rio Branco por 40 dias. Ela teve alta médica no dia 23 de outubro, após passar por três cirurgias, no braço e no maxilar.

Segundo uma amiga da família boliviana, que tem dado suporte enquanto eles estão no Acre, uma quarta cirurgia está marcada para ocorrer no próximo dia 9 de dezembro para retirada dos pinos que estão no braço da adolescente. O G1 não conseguiu contato com o pai da menina até última atualização desta reportagem.