Ex-servidoras acusam superintendente de transportes e trânsito de assédio moral no Acre; gestor nega
Ex-servidora de Rio Branco relata assédio moral por parte do superintendente da RBTrans
O superintendente de Transportes e Trânsito de Rio Branco (RBTrans), Clendes Vilas Boas, está sendo acusado de assédio moral por duas ex-servidoras. Marília Rodrigues e Daniela Paiva relataram nas redes sociais situações constrangedoras que vivenciaram quando trabalhavam na autarquia.
Clendes Vilas Boas nega as acusações e diz que é alvo de ‘tentativa de assassinato de reputação’. (Confira na íntegra)
📲 Baixe o app do g1 para ver notícias do AC em tempo real e de graça
As duas ex-servidoras começaram a contar suas histórias depois de uma denúncia feita na Câmara de Vereadores de Rio Branco. Durante a sessão de terça-feira (12), os vereadores Eber Machado (MDB) e André Kamai (PT) disseram que receberam uma carta anônima com relatos de pelo menos três mulheres.
No documento, as mulheres afirmam ter sido alvos de comentários íntimos, tentativas de contato físico e até ameaças de demissão, o que pode ser considerado assédio moral.
Clendes Vilas Boas é superintendente de Transporte e Trânsito de Rio Branco
Assecom
Relatos
Ao saber da denúncia na Câmara, a ex-servidora Marília Rodrigues, de 28 anos, que atuou como assessora de comunicação da RBTrans, foi às redes sociais denunciar o superintendente nessa quarta.
Em entrevista ao g1, ela afirma que, após desentendimentos no trabalho, passou a sofrer perseguições, teve redução salarial sem justificativa, perdeu a mesa e computador, foi sobrecarregada com tarefas constrangedoras e obrigada a cumprir demandas fora do expediente.
Marília diz que, na época, tentou expor o caso a servidores da prefeitura, mas não foi ouvida e então começou a levar o assunto para as redes sociais.
”Denunciei nas redes sociais porque tentei contato com todos ao redor do prefeito para falar, contar tudo o que vinha sofrendo e não fui ouvida, não me deram uma oportunidade de falar. Então, resolvi expor nas redes sociais para que algo fosse feito, pra que as pessoas vissem o que estava acontecendo e me ajudassem”, relatou.
LEIA MAIS:
Presidente do Idaf é denunciado por assédio moral e perseguição contra servidores: ‘Grita e pede para respeitar ele’, diz funcionária
Após afastamento de professor, MPF recomenda que colégio no AC apure denúncias de assédio sexual na instituição
Governador do AC diz que pediu apuração de denúncias de assédio moral contra presidente do Iapen
Marília acusa ainda o superintendente de obrigar os servidores a comprar perfume que ele vende dentro da superintendência. A ex-servidora disse que passou a ter crise de ansiedade e até depressão por conta das supostas perseguições.
“Não fui só eu, muita gente lá dentro sofre esse assédio moral, mas tem que se calar porque o medo de perder o emprego é maior. Comprei vários perfumes dele, tenho as notas no meu banco. Ele usa o próprio carro da RBTrans para entregar os perfumes para clientes”, complementou.
Marília Rodrigues relatou denúncias na Câmara de Vereadores nessa quarta (13)
Reprodução
Sem conseguir apoio, a ex-servidora diz que pediu demissão da prefeitura em agosto de 2024. Na época, fez uma postagem em uma rede social descrevendo o alívio ao pedir demissão de um que estavam a adoecendo.
“Vivia com medo de humilhação, ia para o trabalho chorando, chorava com medo de perder meu emprego, sem saber se teria trabalho no dia seguinte”, destacou.
Nessa quarta, Marília foi à Câmara de Vereadores relatar o caso à Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. A vereadora Elzinha Mendonça, presidente da comissão, reuniu os parlamentares para uma oitivia com a ex-servidora.
Comissão de Direito da Mulher
À Rede Amazônica Acre, a vereadora confirmou que vai elaborar um documento para encaminhar os relatos para o Ministério Público Estadual (MP-AC). A parlamentar pretende enviar o documento até sexta (15) ao órgão.
“Quando se trata de um assédio moral, não se trata de ser uma violência contra à mulher. Recebemos a Marília, que relatou a situação de assédio moral que sofreu, e após isso vieram diversas outras mulheres que se sentiram encorajadas a denunciar esse assédio”, confirmou.
Ainda conforme a vereadora, nesta quinta (14), os parlamentares devem votar em um requerimento que pede o afastamento do superintendente enquanto as denúncias são apuradas. “É o mais viável o Executivo fazer. Afastar até que toda situação seja avaliada e, se estiver falando a verdade, retorna ao cargo sem problemas nenhum. Tem todo direito de se defender”, explicou.
Acusada de motim
Uma dessas mulheres que se sentiu encorajada após o relato de Marília foi Daniela Paiva, que atuou como coordenadora da Regional Estação. Segundo ela, em outubro de 2023, Clendes Vilas Boas cortou um vídeo de um protesto no Ramal Santa Maria, tirou o contexto e espalhou o material.
Daniela afirma que isso fez com que os moradores perdessem a confiança nela. O episódio atrapalhou, conforme a denúncia, seu trabalho no gabinete, afetou sua família e até uma candidatura que ela disputava na época.
Ex-servidora de Rio Branco relata assédio moral por parte do superintendente da RBTrans
“Ele destruiu meu espaço no trabalho, meus vínculos familiares, atrapalhou minha campanha e meus sonhos com essa mentira. Colocou pessoas contra mim e retirou meu espaço. Adoeci, fiquei calada e até hoje, na cabeça dele, eu estou errada”, disse.
Além disso, Daniela relatou que Clendes a acusou de ter organizado o protesto e mandado fechar o ramal.
“Foi dizer para o prefeito que eu tinha mandado fechar ramal, fazer ‘motim’ para fechar. Destruiu minha família por conta disso, minha vivência com as pessoas onde morava há 30 anos no ramal. Essas pessoas ficaram com ódio de mim, queriam me bater. Não fui ouvida”, relembrou.
Superintendente nega
Durante coletiva, nesta quarta-feira (13), o superintendente Clendes Vilas Boas disse ser alvo de ataques levianos e fraudulentos e negou todas as acusações.
“Essa é uma maneira de tentar assassinar reputações, criar fatos e boatos para destruir a honra das pessoas, eliminar o caráter com perfil político e arruinar a vida de quem trabalha com ordem e decência. Estão tentando me prejudicar”, declarou.
O superintendente questionou o fato de uma das denunciantes não ter registrado ocorrência na delegacia. Segundo ele, ela trabalhou perto da RBTrans por cerca de 15 dias. Depois disso, atuou em outras secretarias até pedir demissão.
Superintendente da RBTrans nega acusações de ex-servidora
“Uma vez que um parlamentar tem a audácia de vir à tribuna e oferecer uma denúncia anônima e alarmar algo que é fake news, é porque, se tivesse algo verídico, iria prestar queixa”, disse.
Vilas Boas disse que fez boletins de ocorrência contra as acusações e que vai continuar registrando. Ele também afirmou que está recebendo ameaças e que sua família está desesperada com a situação.
“De certa forma, eu estou forte e vou enfrentar. Não vou abrir mão de trazer a verdade e lavar a minha honra. Nunca tive esse tipo de problema”, finalizou.
Reveja os telejornais do Acre
Source link