Comunidades de matriz africana discutem igualdade racial e combate à intolerância religiosa durante encontro estadual
Durante dois dias, 18 e 19 de julho, o Cine Teatro Recreio, em Rio Branco, sediou do 3º Encontro Estadual de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana do Acre. O evento, voltado à valorização da ancestralidade, discutiu sobre a igualdade racial, o combate à intolerância religiosa e o fortalecimento das políticas públicas voltadas às comunidades tradicionais.

A iniciativa foi promovida pela Federação das Religiões de Matriz Africana no Acre (Ferema/AC), com o apoio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), além da participação de diversas instituições e entidades da sociedade civil.
O evento reuniu representantes de casas de axé, lideranças religiosas, pesquisadores, órgãos públicos e movimentos sociais de diferentes partes do país. A programação incluiu palestras, painéis temáticos, apresentações culturais e momentos de homenagem aos ancestrais.
Entre os temas centrais discutidos estiveram o racismo religioso, a dignidade humana, o meio ambiente, a saúde da população negra e os desafios enfrentados pelas comunidades de terreiro.

Representando a SEASDH no Painel 4, a chefe da Divisão de Promoção da Igualdade Racial e Diversidade Religiosa, Nilcéia Santos, destacou a importância do espaço. Para ela, reunir lideranças religiosas, representantes de órgãos públicos e a própria comunidade foi um passo importante para construir pontes, buscar soluções e mostrar que a cultura tradicional tem valor, força e merece respeito.
“Foram dois dias de muitas trocas, escutas e aprendizados. Discutimos principalmente os desafios enfrentados pelas comunidades tradicionais, em especial as de matriz africana, e pensamos juntos em caminhos para fortalecer essas comunidades, combater o racismo religioso e garantir mais direitos e visibilidade”, afirmou Nilcéia.
E elencou os demais assuntos tratados no encontro: “Falamos sobre políticas públicas, como acessar editais, as dificuldades que as casas de axé enfrentam no dia a dia, e também celebramos nossas culturas, nossas histórias e nossos saberes. Esse encontro foi necessário porque muitas vezes nossas vozes e dores são silenciadas nos espaços de decisão”, declarou.

A diretora de Direitos Humanos da SEASDH, Joelma Pontes, também participou do evento. “Participar do encontro das comunidades tradicionais é reafirmar o nosso compromisso com o respeito às diferentes expressões de fé, às crenças”, disse.
A abertura contou com homenagens aos ancestrais e apresentação cultural, seguida da palestra magna com o babalorixá Adailton Moreira, do Ilê Asè Omiojuaro (RJ), que abordou o papel dos terreiros na promoção da igualdade racial.

No sábado, 19, os painéis trouxeram discussões sobre mecanismos de combate à intolerância religiosa, políticas públicas de saúde para a população negra, racismo ambiental e o papel social dos terreiros na promoção da dignidade humana. A programação também incluiu a exibição do documentário “Acre e sua raiz africana” e o lançamento da campanha “Pelo direito de respirar ar puro, acesso à água potável e segurança climática”, da Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil (IRI Brasil).
O encerramento do encontro foi marcado pela celebração de axé “A Festa do Encontro”, com apresentações do Maracatu Pé Rachado, da cantora Gigliane Oliveira e da Banda Alágbè Okan, reforçando a beleza e resistência da cultura afro-brasileira.
A realização do evento contou ainda com o apoio da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Alámòjú Centro de Cultura e Pesquisa.
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