Estado realiza capacitação para aprimorar manejo clínico e regulação de pacientes com doença renal crônica no Acre
Com o aumento constante dos casos de doença renal crônica (DRC) no Brasil e no estado, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), promoveu nesta quarta-feira, 16, uma capacitação voltada a médicos, residentes e acadêmicos de Medicina. O evento, ocorrido no auditório do Conselho Regional de Medicina (CRM/AC), teve como objetivo qualificar o atendimento nas unidades e garantir uma melhor regulação e manejo clínico dos pacientes com DRC.

A capacitação, intitulada “Doença Renal Crônica: Abordagem Terapêutica e Regulação Estratificada para Atenção Especializada”, disponibilizou 160 vagas, divididas em duas turmas. A primeira etapa do seminário ocorreu nesta sexta, reunindo metade dos participantes. A segunda turma participará da formação na próxima quinta-feira, 24, oferecendo oportunidade para mais 80 profissionais se qualificarem no manejo da doença renal crônica.
A formação é ministrada pela nefrologista Ianna Lima Simão, com foco na atualização clínica, no manejo da hipertensão e diabetes em pacientes renais e na regulação pré-dialítica dos estágios mais avançados da doença. De acordo com a médica: “Essa capacitação tem como objetivo possibilitar um atendimento horizontal, conforme a necessidade de cada paciente, preparando-os tanto para a hemodiálise, quando necessário, mas, principalmente, para retardar a progressão da doença, promovendo uma vida longa e com autonomia”.

Mais do que um evento de capacitação profissional, a data simboliza uma conquista fruto de uma luta coletiva da rede de atenção à saúde. A estruturação deste serviço está alinhada às diretrizes das portarias e normativas do Ministério da Saúde, e representa um passo decisivo para o cumprimento das políticas públicas voltadas à saúde renal, especialmente no âmbito da Política Nacional de Atenção à Doença Renal Crônica.

A reorganização do fluxo de atendimento a esse público é uma necessidade para a Sesacre. Segundo a idealizadora do evento e coordenadora da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas da Sesacre, Liliane Maia, a capacitação foi pensada para dar mais clareza aos profissionais, tendo foco especial nos pacientes em estágio pré-dialítico, na tentativa de garantir um cuidado mais eficaz e humanizado.
“É uma grande conquista para o nosso sistema, que agora está regulado e em pleno funcionamento na Fundhacre. É mais uma conquista da nossa rede, e estamos cumprindo mais uma meta, tudo isso para melhorar o atendimento. É um avanço significativo na atenção ao paciente com doença renal crônica”, destacou Liliane.

Sobre a doença
A DRC é uma condição crônica, irreversível e progressiva que compromete a função renal e está entre as principais causas de morte no mundo. Em 2021, a doença foi responsável por cerca de 1,5 milhão de óbitos, ocupando a 28ª posição no ranking mundial de mortalidade. No Brasil, dados do Boletim Epidemiológico nº 12 mostram um aumento nas internações entre 2010 e 2023, com os idosos acima de 80 anos sendo os mais afetados.
No Acre, cerca de 600 pacientes realizam tratamento dialítico, sendo a maioria atendida na Região do Baixo Acre/Purus. Os serviços são oferecidos por unidades públicas e clínicas contratadas, inclusive atendendo pacientes de estados vizinhos e países fronteiriços como Bolívia e Peru.
O Estado, por intermédio da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), já realiza transplantes renais e vem se consolidando como referência nesse tipo de procedimento. No entanto, o maior desafio está em ampliar o debate sobre a importância da prevenção, orientando a população sobre os cuidados necessários para evitar que a doença renal crônica evolua a ponto de exigir um transplante.

A presidente da Fundhacre, Soron Steiner, participou do evento e pontuou: “O nosso papel não é só ofertar a possibilidade de fazer um transplante renal, como estamos fazendo na Fundação Hospitalar, mas, principalmente, prevenir que os pacientes necessitem dessa abordagem de maior complexidade. Sabemos que para um transplante nós precisamos de um doador e para ter um doador, precisamos conscientizar a população. Trata-se de uma situação complexa, mas, com o uso adequado de todas as ferramentas disponíveis e a realização contínua de capacitações como esta para os profissionais de saúde, temos a convicção de que essa realidade será transformada em um futuro próximo”.
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