Talento, dedicação e criatividade. Para quem desenvolve as técnicas do tear e do crochê, a precisão não é apenas um detalhe, mas uma das principais habilidades para exercer as artes. As mãos ágeis e precisas seguram as ferramentas com firmeza. Num enlaçar da linha nasce o ponto, onde também renasce a vida.
“Por meio disso aqui eu refleti mais, abri mais minha mente, e me fez pensar em alguma coisa melhor lá fora”. A afirmação foi feita pelo detento C. C. A, que cumpre pena na Unidade Penitenciária Moacir Prado, em Tarauacá, e lá aprendeu a trabalhar com as artes.

Ele conta que o trabalho o tem ajudado em vários aspectos. “Isso aqui pra mim é uma terapia, porque ocupa mais meu tempo, tira meu foco de outras coisas, porque a gente se deprime de estar numa cela, só puxando cadeia, e aqui de dentro, com o crochê, eu também consigo ajudar minha mãe, porque ela passa muita dificuldade lá fora. Eu já tô com três anos fazendo esse trabalho e é difícil a gente passar um dia sem fazer”, disse o detento orgulhoso ao mostrar as peças.

O presidente do Iapen, Marcos Frank Costa, viu de perto cada peça de arte feita pelos detentos. Brinquedos, redes, tapetes e enfeites. Ele disse que as peças são muito bem feitas e que acredita que o trabalho é uma das principais vias de transformação dentro do Sistema Penitenciário. “Iniciativas como essa são a prova do compromisso do governo do Estado com a sociedade. O nosso objetivo não é somente manter a pessoa presa, mas dar a ela condições de mudança e, para isso, a gente precisa proporcionar a ela oportunidades, e é o que vemos aqui”.

José de Jesus Viana, diretor do presídio, disse que o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se preocupa em direcionar o preso para uma vida após o cumprimento de sua pena. “A gente trabalha com essa preocupação porque o detento perde a sua liberdade, mas não perde a sua dignidade. Então, a gente tem trabalhado muito em prol da ressocialização do apenado”.

O diretor conta, ainda, que na unidade são desenvolvidas várias atividades voltadas para a remição de pena. “Nós temos tanto o artesanato, quanto posto de lavagem, onde o preso recebe uma porcentagem do que produz para ajudar a família. Além disso, temos a sala de aula, o setor de produção de hortifrúti. Então, aquele apenado que quer realmente voltar a integrar a sociedade tem oportunidade”, afirmou José de Jesus.
O detento C. C. A. reconhece a oportunidade que está recebendo e agradece. “Eu sei que é um boa oportunidade que eu recebi e que vai servir pra mim quando eu sair daqui também. Eu agradeço muito por isso”, finalizou o privado de liberdade.